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Jorge Fonseca de Almeida - Economista 01 de Junho de 2016 às 00:01

Táxi Kurir e o preço pré-fixado

As ações dos taxistas portugueses em defesa dos seus utentes são de louvar e a Uber se quer ser um interveniente ativo neste mercado deve seguir as regras de mercado.

Num Estado de Direito não é admissível que alguns concorrentes, mesmo que poderosas multinacionais americanas, atuem fora das Leis e Regulamentos em vigor. Dito isto convém olhar para outras realidades para ver que outras regras existem e se podem ou não ter interesse para o nosso país.

 

A Suécia, país de dimensão populacional semelhante ao nosso, tem um mercado em que o acesso à profissão está condicionado ao cumprimento de uma série de regras de segurança reforçada para os passageiros nos carros, competência de condução profissional dos taxistas, transparência nas condições de preço e outras de caracter técnico. Não existe condicionamento ao número de táxis, nem determinação administrativa de preços. 

 

É um setor que na Suécia movimenta cerca de 800 milhões de euros por ano e em que existem cerca de 16 mil táxis, agrupados em várias empresas e cooperativas.

 

Estas empresas e cooperativas suecas não possuem carros, funcionam em regime de "franchising", gerindo a marca, os requisitos de entrada, as condições que os associados devem cumprir e garantindo clientes através de contratos com as maiores empresas do país e de uma central telefónica. Os donos dos taxis por sua vez exploram-nos pessoalmente ou contratam motoristas. Nestes aspetos, o mercado sueco é muito semelhante ao português.

 

A maior empresa de táxis sueca é a Táxi Kurir com um volume de negócios de 100 milhões de euros/ano e que opera em 43 cidades. Esta empresa introduziu um novo modelo de preço: o preço pré-fixado.

 

Assim quando o cliente liga para a central e diz de onde quer sair e onde quer chegar é-lhe dado um preço e este é o que lhe é cobrado independentemente do tráfego que houver ou do tempo que seja necessário para fazer o percurso.

 

Este preço fixo retira dos ombros do cliente toda a incerteza do preço, já que ao entrar num táxi nunca se sabe quanto se vai pagar pela corrida. Vários estudos de mercado, na Suécia e noutros países, têm confirmado que a remoção desta incerteza é um dos mais importantes desejos dos utentes de táxis.

 

Mais do que permitir que empresas estrangeiras, operando ilegalmente, possam levar os proveitos deste negócio para o exterior, o que precisamos é de uma regulamentação que permite às empresas existentes inovar, nomeadamente na área dos modelos de preço para que possam melhorar a sua oferta e serviço aos utentes.

 

Este artigo deve muito ao trabalho de Carl-Johan Petri que descreve o mercado sueco e o modelo de preço inovador da Táxi Kurir.

Economista

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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